FÊNIX


Certa vez, do ventre de uma camponesa, filho de um nobre, nasceu em Vinci, Florença, uma criança que viria ser um verdadeiro prodígio. Bastante cedo, evidenciando sua elevada inteligência, o pequeno menino - Leonardo era seu nome - foi estudar arte em um atelier de pintura, onde também aprendeu mecânica, carpintaria, química, metalurgia, entre outras coisas.


Aos 20 anos já havia surpreendido e ultrapassado até mesmo o seu mestre, e já contava com encomendas de trabalhos. Leonardo tinha mais que uma facilidade nata, o quê fazia dele tão especial era sua genialidade, que beirava o sobrenatural. Ele logo se tornou um pintor famoso, mas nunca se limitou apenas à arte. Sua curiosidade fez com que ele se dedicasse ao longo de toda vida aos mais variados campos de estudo, onde ele se destacou com suas idéias e projetos brilhantes, coisas muito a frente de seu tempo.


Não havia barreiras para o gênio de Vinci, porém, na metade de sua vida, um questionamento e medo genuinamente humanos mudaram o futuro de sua trajetória. Leonardo havia se dado de contas que até mesmo o maior dos gênios teria de sucumbir um dia à morte, ao fim certo. Uma morte ainda distante para ele, é claro, mas sempre uma incógnita. A incógnita que o incomodava, disposta com mistério em algum lugar desconhecido no seu futuro. A morte era o fato em que ele preferiria não pensar se pudesse, pois não gostava da idéia de algo que não podia evitar ou controlar. Vencer a morte se tornou então uma obsessão para ele e, usando de toda sua intelectualidade, Leonardo se dedicou a partir daquele momento a buscar um meio de driblar a morte, de trespassá-la.


Muitos anos de cálculos e estudos se passaram e Leonardo havia descoberto apenas que a pintura, sua especialidade, seria o meio mais palpável para realizar sua experiência. E assim ele fez, várias vezes, sem muito sucesso, desanimando cada vez mais perante o sentimento de impotência e de fragilidade, algo que ele nunca havia experimentado tão intensamente antes. Ele se preocupava pois já não era mais um garoto, via sua juventude se esvaindo, assim como a esperança que agora escaça, ainda populava seus pensamentos. Foi então que ele decidiu dar a si mesmo uma última chance, uma forma de redimir-se e tentar, pela última vez, cruzar todas as idéias que tinha em busca do truque final.


Em 1503, tendo usufruído de seu vasto conhecimento nas mais diversas áreas, Leonardo chegou a sua fórmula perfeita, à receita de preparo daquilo que ele esperava servir para conduzí-lo à imortalidade. Então, com muita fé no resultado que alcançara, ele começou a trabalhar intensivamente.


Se passaram dois anos até que ele houvesse conseguido, mas finalmente estava pronto, ele havia armado a armadilha para a morte antes que ela o tivesse apanhado.


Sua invenção era um quadro, semelhante aos outros, mas neste ele havia trabalhado com primor e exímio estudo, transformando-o num objeto mágico, com proporções áureas. Segundo ele, após sua morte, o quadro aprisionaria sua alma e só a libertaria novamente quando fosse destruído. Neste momento, acreditava Leonardo, assim como uma fênix, ele renasceria das cinzas de sua obra.

Leonardo só tinha que se preocupar com duas coisas; em garantir que o quadro fosse conservado até após a sua morte, e que fosse destruído logo após ela. A conservação ele garantiu com facilidade, pois ninguém poria uma obra-prima como aquela no lixo tão cedo, aliás, muito pelo contrário, e foi aí que ele falhou. Como ele deve ter percebido, e ainda percebe, preso no interior de sua pintura, seu quadro foi reconhecido mais tarde como uma das mais perfeitas obras de arte do mundo e ainda hoje, 490 anos após sua morte, em 1519, a 'Monalisa' ou 'La Gioconda', como também é conhecida, está exposta no museu do Louvre, em Paris, como uma relíquia, digna de todo isolamento que recebe para conservá-la ao máximo, tardando seu deterioramento.

Sabe-se lá quando o tempo prevalecerá sobre a restauração, permitindo que Leonardo volte á vida. Enquanto isso não acontece, milhões de pessoas continuam a observar, intrigadas, o quadro de Da Vinci. Pobre gênio, traído por seu próprio talento.

Tiarles M. Rodeghiero

SÓ PRA CONSTAR:

Num estudo feito em 1929, através de muita pesquisa sobre o que Leonardo Da Vinci havia feito e estudado, estimou-se que o provável QI(Quociente de Inteligência) dele fosse 180...

Só pra constar, o QI médio da população brasileira é 86, bem abaixo do 100, que é a média mundial. Que coisa não!?

Comentários

  1. Que lindos eu texto!!

    ^^

    Bah tiarles...

    Quinta é o unico dia que eu naum posso... tenho aula a tarde toda, e vou começar a trabalhar de manhã, mas sexta eu tenho a tarde livre^^

    só pra ficar sabendo^^

    valeu mesmo!! a gente se fala^^

    BjuXXX

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode comentar na modalidade "anônimo", sem precisar LOGAR em nenhuma conta.
Sua opinião e crítica são fundamentais; obrigado por comentar!